terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Assim vamos de caça e caçadores

Receitas diminuem e reservas encerram
Zonas de caça à beira da ruína
As zonas de caça enfrentam uma crise grave e muitas estão à beira da ruína. Numa época, o sector perdeu 30 milhões de euros de receitas. Nas reservas turísticas, compram-se cada vez menos caçadas, e nas associativas os sócios diminuem a olhos vistos. Os caçadores praticantes são menos 55 mil do que os necessários para manter a actividade economicamente viável.
A Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses (CNCP), a Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC) e a Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), que representam a quase totalidade dos praticantes, apontam a crise econômica e os entraves legais e burocráticos no acesso à actividade como as principais razões para o panorama pouco optimista. Para Vítor Palmilha, presidente da CNCP, o turismo cinegético será o mais afectado, com "quebras acentuadas nas receitas, no que se refere à diminuição da venda de jornadas de caça". Algumas reservas municipais também serão atingidas e nas associativas as "quebras irão reflectir-se nos investimentos na gestão dos habitats".
Para evitar o despedimento de funcionários, Vítor Palmilha diz que vai haver desvio de verbas destinadas para investimento. Em perspectiva, está a diminuição do número de zonas de caça, evitável se o Estado tomar medidas como "a redução de taxas e a extinção de outras".
Em Portugal, há 287 mil caçadores, mas cada vez menos praticam. Nesta época de 2011/12, apenas 133 mil pagaram a licença que permite exercer a actividade, o número mais baixo desde 2000.
João Carvalho, secretário geral da ANPC, afirma que as associativas "vão perder sócios que não podem pagar as quotas", e muitas evidenciam dificuldades no escoamento da oferta. Jacinto Amaro, da Fencaça, destaca: "Estima-se que na última época a facturação tenha caído 30 milhões de euros."
"A GANÂNCIA ACABOU COM O REGIME LIVRE"
A Federação Nacional de Caçadores e Proprietários, que representa 25 122 associados, tem uma visão diferente da crise. "A responsabilidade é das organizações que quiseram acabar com o regime livre, fazendo com que as zonas de caça se limitassem aos mais ricos", diz o secretário-geral, Eduardo Biscaia. "A ganância acabou com o regime livre, obrigou caçadores a desistir." Para a viabilidade do sector, Biscaia defende o direito a caçar através da posse da licença e não do acesso às reservas.
Fonte: Correio da Manhã, 8-1-2012

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