terça-feira, 10 de janeiro de 2012

14.º Portugal de Lés-a-Lés


A Federação de Motociclismo de Portugal
Divulgou o trajeto do 14.º Portugal de Lés-a-Lés,
Saudando-se o
 regresso à Covilhã e à Serra da Estrela, 8 e 9 de Junho
Listagem de hotéis ajuda a programar a grande aventura mototurística. Conhecido que era o final do 14.º Portugal de Lés-a-Lés, a Federação de Motociclismo de Portugal reservou verdadeira prenda  para os mototuristas que, ano após ano, sonham com a grande aventura. Assim, o percurso traçado desde o Algarve rumo ao Norte do País, terá paragem na Covilhã, com a sempre espectacular passagem pela Serra da Estrela, por estradas pouco conhecidas, algumas em entusiasmante estreia na maior maratona mototurística da Europa.


É certo que ainda falta mais de meio ano para a edição 2012 do Portugal de Lés-a-Lés, mas a Comissão de Mototurismo não pára na procura de renovados motivos de interesse, tentando mostrar as mais belas paisagens e as mais interessantes estradas, numa travessia feita de descoberta e de emoções mas também de cultura e gastronomia. Um trabalho a que os elementos da Comissão de Mototurismo da FMP se entregam de corpo e alma, e que ditou novidades no percurso a cumprir pela aventureira caravana entre os dias 7 e 9 de Junho, optando sempre pelas mais turísticas estradas nacionais, municipais e até alguns estradões de terra batida, em detrimento das incaracterísticas auto-estradas ou vias rápidas.

Depois da confirmação de Boticas como final da aventureira viagem, a organização anuncia agora a Covilhã como ponto de chegada da primeira etapa, desde terras algarvias, bem como de partida para a segunda jornada, rumo a Terras de Barroso. Regresso à cidade portuguesa mais próxima do ponto mais alto de território continental, a Torre com os seus 1993 metros de altitude. Cidade que dista cerca de 20 quilómetros do cume da Serra da Estrela e onde a caravana do Portugal de Lés-a-Lés não pernoitava desde 2003, sendo que agora o fará na noite de 8 para 9 de Junho, de sexta para sábado, como habitualmente, mantendo a data e a tradição apesar de ter sido abolido o feriado do Corpo de Deus.

Palco de eleição para um final de uma etapa que se adivinha bastante longa e muito exigente em termos de condução, com uma chegada que será, no mínimo, pouco vulgar e óptima para o público! Jornada que, depois da travessia da serra algarvia e da planície alentejana, passando em locais nunca antes visitados pelo Portugal de Lés-a-Lés como S. Jorge da Beira ou nas Minas da Panasqueira, proporcionará estradas fora do vulgar, de características muito apreciadas pelos motociclistas, onde não faltarão imensas e bem desenhadas curvas nas faldas sul do maciço da Serra da Estrela.

Já dentro da cidade da Covilhã, a rota escolhida homenageará a indústria ligada à transformação da lã que, ao longo de 800 anos, foi principal sustento da terra, um dos principais centros de lanifícios da Europa, contando com dezenas de fábricas de onde saíam afamados tecidos rumo a marcas tão conceituadas como a Hugo Boss, Calvin Klein, Armani, Yves St. Laurent ou Christian Dior. Agora, nas estreitas ruas em pleno centro histórico da cidade, restam apenas as marcas de um passado de intensa actividade, sob a forma de inúmeras fábricas têxteis, na sua maioria ora abandonadas, ora votadas a outras utilizações, restando apenas escassa meia dúzia em laboração. Indústria que potenciou o desenvolvimento da pastorícia, com enormes rebanhos de ovelhas que, além da afamada lã, proporcionavam matéria-prima para o desenvolvimento da queijaria, nomeadamente do famoso Queijo da Serra da Estrela.

Mas há outros motivos de interesse na visita à Covilhã, a começar pela Real Fábrica dos Panos, criada pelo Marquês de Pombal em 1764, e que hoje alberga a sede da Universidade da Beira Interior e o Museu dos Lanifícios, considerado um dos melhores núcleos museológicos desta indústria na Europa.

Elevada a cidade a 20 de Outubro de 1870 pelo rei D. Luís I, a Covilhã possui vasto património arquitectónico da igreja barroca de Santa Maria Maior, com a belíssima fachada recoberta de azulejos, à igreja gótica de S. Francisco, passando pela Igreja da Misericórdia ou pelas capelas de S. João de Malta, que pertenceu à Ordem de Malta; do Calvário, com o interior coberto por talha dourada; ou pela Capela Românica de S. Martinho, a mais antiga edificação da cidade e onde terá casado Pêro da Covilhã. E há ainda a Torre de S. Tiago, do século XIX, de onde se avista praticamente toda a cidade, incluindo alguns troços das muralhas da Covilhã, os que resistiram ao terramoto de 1755 do conjunto inicial edificado por ordem de D. Sancho I.

Terra de enorme peso na História de Portugal, a Covilhã foi berço de grandes portugueses, de Frei Diogo Alves da Cunha, presente na conquista de Ceuta em 1415, a Pêro da Covilhã, o primeiro português a chegar a Moçambique, abrindo portas ao Caminho Marítimo para a Índia. Passando por João Ramalho, Fernão Penteado, os missionários Beato Francisco Álvares (morto a caminho do Brasil), frei Pedro da Covilhã (que chegou à Índia na expedição de Vasco da Gama), padre Francisco Cabral (Japão) ou o padre Gaspar Pais (Abissínia), que em prol da fé levaram longe o nome da Covilhã. Mas houve também cosmógrafos como os irmãos Rui e Francisco Faleiro, o escritor Frei Heitor Pinto, o arquitecto Mateus Fernandes, o advogado e romancista António Alçada Baptista, a cantora e compositora Eugénia de Melo e Castro entre muitos outros covilhanenses dignos de menção.

Em suma, a Covilhã representa ponto de paragem de enorme valor acrescentado na 14.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés, aportando interesse arquitectónico e histórico a um evento que oferece ocasião única de descoberta de um País de muitos desconhecido e tantas vezes votado ao esquecimento. E onde existe ímpar oferta hoteleira, capaz de albergar toda uma caravana que voltará a ultrapassar o milhar de participantes.

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