COLOCAÇÃO EM TENÇÃO ELÉCTRICA DA LINHA DO CAMINHO DE FERRO DA BEIRA BAIXA
A REFER INFORMOU TODAS AS JUNTAS DE FREGUESIA COM LIMITES GEOGRÁFICOS POR ONDE PASSA A LINHA DE CAMINHOS DE FERRO DA BEIRA BAIXA, (Troço - Castelo Branco - Covilhã) QUE A PARTIR DO DIA 22 DE JANEIRO DE 2011, IRÁ COLOCAR ESTA LINHA EM TENÇÃO ELÉCTRICA.
CHAMANDO A ATENÇÃO PARA OS PERIGOS DAÍ DECORRENTES, NOMEADAMENTE FENÓMENOS ELÉCTRICOS ASSOCIADOS, E QUE RESULTAM DA:
. TENSÃO ELÉCTRICA UTILIZADA (25.000V)
. EXISTÊNCIA DE CORRENTE ELÉCTRICA NOS CARRIS
. INDUÇÃO ELECTROMAGNÉTICA E INFLUÊNCIA ELÉCTRICA
QUALQUER CONTACTO ACIDENTAL, OU APROXIMAÇÃO DO EQUIPAMENTO AÉREO, MESMO POR INTERMÉDIO DE JACTO DE ÁGUA, APRESENTA RISCOS DE ELECTROCUSSÃO.
QUALQUER CABO CAÍDO NO SOLO DEVE SER SEMPRE CONSIDERADO EM TENÇÃO.
EM CASO DE ACIDENTE, OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES CONTACTAR ATRAVÉS DO NÚMERO DE TELEFONE 800123026
CENTO E DEZANOVE ANOS CINCO MESES E DEZASSEIS DIAS DEPOIS, DE A COMPANHIA REAL-DOS-CAMINHOS-DE-FERRO, TER INAUGURADO A LINHA, CABE AGORA À REFER FAZER A INAUGURAÇÃO DA LINHA ELETRICA, DO TROÇO - CASTELO BRANCO - COVILHÃ.
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Esta linha, de via em bitola ibérica, liga as estações de Entroncamento (Linha do Norte) e Guarda (Linha da Beira Alta), numa extensão total de 240,2 km.
Esta linha tem tráfego de passageiros e mercadorias, e serve localidades como Abrantes, Castelo Branco, Alcains, Fundão,Tortosendo e Covilhã, entre outras.
Da estação de Mouriscas - A sai o Ramal do Pego que atravessa o Rio Tejo para abastecer a Central Termoeléctrica do Pego.
Devido à importância económica da região, nomeadamente pelo forte desenvolvimento industrial da Covilhã e pelo relevo de Castelo Branco, esta linha foi inicialmente projectada tendo em vista uma futura ligação internacional, que seguiria por Monfortinho até à fronteira e ligaria a Plasencia e a Madrid.
Porém, a construção do Ramal de Cáceres alterou essa directriz, e o traçado resumiu-se a um percurso pelo interior, centro, unindo as Beiras entre si.
O concurso para a sua construção foi aberto em 2 de Agosto de 1883, mas só em 29 de Julho de 1885 é que a Companhia Real firmou contrato com o governo, tendo dado início aos trabalhos de construção em Dezembro de 1885.
Foram duas as fases de construção desta linha: deAbrantes à Covilhã, com 165,195 quilómetros, concluída em6 de Setembro de 1891; da Covilhã à Guarda, com 46,205 quilómetros, terminada em 11 de Maio de 1893.
Terminada a construção do troço de caminho-de-ferro entre Abrantes e a Covilhã, a respectiva autorização para a abertura à exploração foi dada por portaria de 1 de Setembro de 1891.
A inauguração desta linha contou com a presença dafamília real, assim como de outros ilustres convidados, que viajaram de Sintra até Castelo Branco, numa composição especial, no dia 5 de Setembro de 1891.
Nesta cidade, a população rejubilou com o acontecimento, juntando-se às cerimónias e festejos.
No dia seguinte rumaram com a respectiva comitiva à Covilhã, sendo fortemente festejados pelas populações locais junto à via-férrea.
Na Covilhã, a população não podia ficar indiferente à chegada do «cavalo de ferro» àquela cidade serrana e saiu à rua para conviver e participar nos festejos ali celebrados, de que deram conta as crónicas da época.
Findas estas cerimónias, estava finalmente pronta para a abertura à exploração, o que logo ocorreu no dia 7 de Setembro de 1891.
Nesta altura, considerava-se que a Linha amarrava em Abrantes, na Linha do Leste.
O restante traçado entre a Covilhã e a Guarda, só foi inaugurado no dia 11 de Maio de 1893, sem pompa nem circunstância, mercê das dificuldades financeiras vividas pela Companhia Real dos Caminhos-de-Ferro Portugueses, que quase caía na falência, obrigando à suspensão temporária dos trabalhos.
Superadas todas as dificuldades de construção, poder-se-á dizer que estamos perante um dos mais difíceis traçados de caminho-de-ferro em Portugal, como atestam as inúmeras obras de engenharia que ali foram feitas.
Lisboa fica a 135 km do antigo início oficial desta linha, Abrantes.
Para aí chegar, o comboio tem de passar as estações de Lisboa-Oriente, Santarém e Entroncamento, e daí pela antiga Linha do Leste, que entre outras segue as estações de Tancos, Santa Margarida e Abrantes.
Tiveram início em finais de 2001, depois de anos de quase abandono desta linha, as obras de electrificação e modernização da Linha da Beira Baixa, num troço de 78 km entre Mouriscas e Castelo Branco, que envolveram a supressão de 48 das 57 passagens de nível existentes, a remodelação de estações e a instalação de tecnologia de sinalização e comunicação.
Estas obras de renovação, inauguradas em 16 de Julho de2005, permitiram eliminar cerca de 20 minutos do tempo de viagem entre Lisboa e Castelo Branco e reduzir os custos de manutenção e conservação da linha.
Na Estação de Castelo Branco, onde terminou a viagem inaugural das obras de electrificação da linha, com pompa e circunstância, o primeiro-ministro José Sócrates garantiu um investimento de cerca de 150 milhões de Euros para a empreitada que consistirá na electrificação do troço Castelo Branco-Covilhã-Guarda, com 117 km de extensão, mas também na rectificação do traçado e eliminação de 56 passagens de nível.
Igualmente prevista está a remodelação das 18 estações e apeadeiros existentes, a melhoria dos acessos, a construção de 6 novas pontes e o reforço do túnel do Sabugal, com uma extensão de 398 metros.
Em termos de segurança, a REFER vai introduzir tecnologias de última geração na sinalização e telecomunicações, para além do Sistema Automático de Controlo de Velocidade (Convel).
Tudo para melhorar a circulação ferroviária e assegurar a redução do tempo de percurso, o que será possível com o aumento da velocidade média de circulação (de 80 para 100 quilómetros por hora).
A Linha tem sido, durante os últimos anos, alvo de diversas intervenções de modernização, que visam o reforço do sistema de segurança da circulação e melhorias ao nível da via.
Nestas intervenções foi instalado um sistema de sinalização electrónica (cantonamento automático com bloco orientável) e um sistema automático de controlo de velocidade (Convel) entre as estações de Entroncamento e Castelo Branco.
Este troço recebeu, igualmente, as obras necessárias à sua electrificação, sendo o percurso entre Lisboa ou Entroncamento e Castelo Branco efectuado por material eléctrico.
Encontra-se, actualmente, encerrada no troço Covilhã-Guarda, por motivo de obras de beneficiação da via.
PELA INSTRUCÇÃO DE 1977, ESTA LINHA TINHA COMO ORIGEM ABRANTES E TERMINO GUARDA.
ESTAÇÃO DE ABRANTES ( LESTE )
P.K. 134,900
Publicada no dia, 23 de Novembro de 2010, por António M. Feijó, no Blog:http://ultimosinaldepartida.blogspot.com/2010/11/linha-de-beira-baixa-irma-mais-nova-do.html
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Tortosendo - Vila Nova das Flores
A inauguração da linha da beira baixa
Naquele dia 6 do mês de Setembro de ano da Graça de Mil Oitocentos e Noventa e UM uma máquina a vapor atravessava ronceiramente os campos férteis da Gardunha e da Estrela, orgulhosa pela responsabilidade que lhe coube ao puxar a Carruagem Real naquela viagem inaugural da Linha da Beira Baixa.
Sua Majestade a Rainha D. Amélia recostou-se no grande cadeirão junto da janela, com a graciosidade e elegência própria dos seus jovens vinte e seis anos. Sentia-se um pouco cansada, mas imensamente feliz. "Foi o dia mais feliz da minha vida", dissera horas antes em Castelo Branco. As manifestações populares que se sucediam à passagem da carruagem real, vinham ultrapassado todas as melhores expectativas.
O Rei, Sua Majestade El-Rei D. Carlos, com quem casara, ainda príncepe, havia cinco anos, quase não quisera fazes essa viagem por conselho de alguns dos seus colaboradores que receavam manifestações de agravo, nestas paragens onde sopravam já os novos ventos republicanos. E ainda estava muito viva na memória de todos a revolta que teve lugar no Porto em 31 de Janeiro daquele ano, fruto da situação financeira dificil em que o país se encontrava e de grandes rivalidades entre os "partidos governantes" - o Partido Progressista e o Partido Regenerador, que criavam uma atmosfera de agitaçãoe desassossego na vida política.
Eram também conhecidos os debates apaixonados travados na Câmara da Covilhã e as posições antagónicas assumidas face a esta viagem, que uns defendiam ardentemente e outros atacavam de forma decidida e, por vezes, violenta.
Mas a Rainha soubera ser convicente junto do Rei, mercê do grande desejo de conhecer as realidades do seu povo que haveriam de fazer com que se distinguisse em notáveis actividades no campo da Assistência.
Não o sabia naquele momento, mas haveria de, anos mais tarde, em 1899, criar a Assistência aos Tuberculosos e, já no exílio e durante a primeira Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, desenvolver extraordinário trabalho na Cruz Vermelha o que lhe valeria ser condecorada com a Royal Red Cross, pelo Rei de Inglaterra, Jorge V.
Mas naquele momento sentia-se algo inquieta, receosa mesmo que estas gentes da encosta sul da Estrela pudessem ensombrar de alguma forma o que até então tinha sido uma autêntica festa, mesmo para uma Rainha.
Mas pouco durariam as suas apreensões.
De súbto, o andamento da carruagem tornou-se ainda mais vagaroso, ensaiando uma nova paragem e, do exterior, faziam-se ouvir, com intensidade crescente, gritos de aclamação aos monarcas.
A Rainha interrompeu o curso dos seus pensamentos, absorvendo numa inspiração profunda aqueles gritos de entusiasmo como que para renovar a força anímica, por um instante enfraquecida. Aliviada, esboçou um sorriso vitorioso para El-Rei e ambos, à mesma janela espreitaram quem os saudava desejosos de lhes corresponderem. E o que viram era deslumbrante.
Pela grandiosa mole humana que envolvia toda a estação e terrenos contíguos, em agitação constante qual seara dançando ao vento, pelo entusiasmo e excitação que atingiram o auge quando ali, bem perto deles, quase a poder-lhes tocar, vislumbraram as imagens vivas dos seus Reis, esses seres sempre tão longínquos e inatíngiveis que deles só tinham difusas ideias; pelas flores, pela imensa quantidade de flores que se encontravam por todos os lados; flores que atapetavam completamente a linha e cobriam os carris, flores que as crianças das escolas empunhavam aos saltos numa excitação inocente de quem adivinha algo importante; flores que de repente, e sem que alguém saiba como, inundaram a carruagem real quase submergindo os ditosos monarcas, já rendidos por tão inesperada como grandiosas e sentida manifestação.
Como não lhe fora anunciada a chegada à Covilhã, a Rainha perguntou em que estação se encontrava e que povo era aquele que tanto carinho lhe dispensava. Alguém lhe respondeu: "Na aldeia de Tortozendo, Alteza.". "Como pode um nome assim corresponder a tais gentes e a tal lugar?!" - exclamou a Rainha. "Pois haverá de chamar-se VILA NOVA DAS FLORES".
Depois da segunda Guerra Mundial, em 1945, D. Amélia Luísa Helena de Bourbon e Bragança, filha dos condes de Paris e Rainha deposta, voltou a Portugal, que lhe deu muitas provas de gratidão e carinho. Já não voltou ao Tortosendo nem aqui alguma vez lhe foi atribuído oficialmente o nome de Vila Nova das Flores. Mas jamais o povo do Tortosendo esqueceu aquele dia, aquela festa, os seus Reis e sobretudo a Rainha e o lindo nome que quisera dar a esta Terra.
Publicada: (No Boletim da LAT, Nº 23-3º Trimestre de 1997)